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26/10/2024

A vida e a missão dos discípulos de Jesus Cristo

"Somos convidados a nos colocar, como fez Maria de Nazaré, diante do crucificado e da cruz, num silêncio contemplativo, que nos ajuda a reler e rever a história da nossa vocação cristã, pessoal e comunitária, a partir do nosso 'sim' diário ao Senhor"

Foto de capa
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Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! A fé cristã é, antes de tudo, encontro com o Senhor Jesus; é Ele quem dá a nossa vida um novo horizonte, marcado pela esperança que não decepciona. Na Igreja, comunidade de fé, povo de Deus em missão e a caminho para a casa do Pai, somos convidados a nos colocar, como fez Maria de Nazaré, diante do crucificado e da cruz, num silêncio contemplativo, que nos ajuda a reler e rever a história da nossa vocação cristã, pessoal e comunitária, a partir do nosso “sim” diário ao Senhor. Um sim que fala ao mundo através do testemunho do nosso amor serviço, da nossa vocação de batizados e comprometidos, como discípulos de Jesus Cristo, com os valores do Evangelho, na realidade da vida.

O campo da missão de anunciar o Evangelho, por palavras e pelo testemunho de vida, é vasto e está ao alcance de todos nós. Entre todas as realidades, onde podemos viver a dimensão missionária da nossa fé, a família deve ter a prioridade, pelo seu estado atual de fragilidade em relação aos valores humanos e cristãos, que expressam respeito à vida, mas também como espaço de amor, compaixão e reconciliação. Sobre a realidade atual, que toca a vida das famílias, devemos ter um olhar de amor e misericórdia, porque ela representa o lugar da acolhida por excelência no mundo, mas também o lugar por excelência da missão e da transmissão da fé. A ação catequética e missionária dos pais e da família é fundamental na formação dos filhos, mesmo com todas as limitações e fragilidades.

Na catequese, através da Iniciação à Vida Cristã, vamos aprendendo a conhecer o Deus que é Pai de Jesus Cristo. Esse Deus Pai ama seu filho Jesus e ama o povo da Antiga Aliança, apesar de todas as suas infidelidades, e o ama com uma lealdade eterna. Jesus, na Nova Aliança, destaca também o amor de Deus Pai, e o amor como bondade. Bondade que leva a uma inclinação natural para fazer o bem aos outros, como uma identidade própria do cristão. Quando essa bondade está em nós e faz parte da nossa vida, ela nos leva a praticar boas ações, que revelam a sensibilidade do nosso coração e a nossa intimidade com Deus.

No peregrinar da vida, todos nós temos muitas oportunidades, inclusive aquela de experimentarmos a presença de Deus como Pai cheio de bondade, uma bondade amável, digna de ser amada e correspondida. Portanto, a bondade paterna de Deus, presente na vida e na ação de Jesus, revela a sua misericórdia e a sua compaixão pelos sofrimentos humanos. Pelo coração misericordioso do Pai, Jesus fala ao nosso coração humano de filhos. Ele nos apresenta Deus Pai, rico em bondade, misericórdia e amor, que vai em busca da ovelha perdida e acolhe o filho pródigo arrependido.

Esse amor de Deus pode ser acolhido em nossa vida através da fé. E é a fé que estabelece e fortalece essa relação do amor de Deus com seus filhos. São Paulo, na Carta aos Romanos afirma: “Tenho certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem presente, nem futuro, nem as potestades, nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,38-39). O amor de Deus é mais forte que tudo, não só porque nele tem a origem, mas porque Ele mesmo é amor. “Quem não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor” (1Jo 4,8), nos recorda o Apóstolo São João.

Portanto, como povo de Deus a caminho da casa do Pai, como discípulos e discípulas de Jesus Cristo, na vida, na oração, na missão e ação, não tenhamos medo de revelar o amor de Deus por nós, e o amor de Deus que está em nós.

 

+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul

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